No campo da psiquiatria, pode-se inferir que a comorbidade ocorre quando dois ou mais transtornos mentais acometem o mesmo indivíduo. Essas condições podem acontecer de forma simultânea ou em sequência. Por exemplo, uma pessoa pode ter depressão e transtorno de ansiedade generalizada ao mesmo tempo. Ou apresentar transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), concomitante à fobia de dirigir / ansiedade.
Embora o TDAH e a ansiedade sejam condições distintas, podem compartilhar alguns sintomas em comum, como dificuldade de concentração, inquietação e irritabilidade. Portanto, é importante analisar as possíveis correlações entre as duas situações, considerando o contexto de superação do medo de dirigir.
Segundo o DSM-V, o TDAH se classifica entre os transtornos do neurodesenvolvimento e influencia o funcionamento pessoal, social, acadêmico ou pessoal. Caracteriza-se por dificuldades no desenvolvimento e por um quadro persistente de desatenção e/ou impulsividade. O ato de dirigir envolve um processo de múltiplas funções cognitivas e tarefas motoras, que podem parecer ameaçadoras ao indivíduo com fobia. E no caso desse mesmo indivíduo apresentar TDHA, a dificuldade em lidar com essas situações que se apresentam como estressantes e desafiadoras podem aumentar.
A ansiedade e o medo podem afetar diretamente na tomada de decisões e respostas adaptativas durante o processo de direção, pois envolvem percepções e ativações cognitivas distorcidas acerca das situações. Além de produzir reações emocionais desconfortáveis e paralisantes. Considerando que uma pessoa com TDHA, pode apresentar dificuldades em manter a atenção e lidar com estímulos que acarretam impulsividade, essa comorbidade pode se relacionar em prol da constante evitação acerca do ato de dirigir.
Para auxiliar nesse processo de superação do medo de dirigir, algumas técnicas da terapia cognitivo-comportamental podem auxiliar. Por exemplo, a consciência por meio de psicoeducação acerca das principais habilidades e dificuldades presentes em uma situação de comorbidade. Conhecimento do carro, dos percursos e de todas as situações relativas à direção, como meio de reduzir possíveis distrações. Ou ainda, praticar a reestruturação das distorções cognitivas, com foco em respostas mais adaptativas.
Agora que as informações sobre as possíveis comorbidades foram apresentadas, é fundamental destacar que para uma pessoa com TDAH, dirigir pode ser um desafio, mas com algumas estratégias e auxílio profissional, é possível a superação do medo com segurança. Seguem algumas dicas úteis:
1. Certifique-se de estar sob acompanhamento médico adequado e caso necessário, com uso de medicamentos. O uso de medicação para TDAH
pode ajudar a melhorar a concentração e reduzir a impulsividade, o que pode tornar a condução mais segura.
2. Crie uma rotina antes de dirigir. Faça uma lista de verificação para se certificar de itens importantes como carteira de motorista, documentos do carro, combustível, entre outros.
3. Planeje a rota com antecedência. Use um aplicativo de navegação para planejar a rota com antecedência e evitar distrações durante a condução.
4. Elimine distrações. Mantenha seu telefone celular desligado ou no modo silencioso, e não se envolva em outras atividades enquanto estiver dirigindo, como comer, beber ou falar ao telefone.
5. Faça pausas frequentes. Se você estiver dirigindo por longas distâncias, faça pausas frequentes para descansar e praticar exercícios de respiração e relaxamento.