Aprender a dirigir é um marco importante de autonomia. Porém, para muitas pessoas, especialmente quem já vive com ansiedade ou medo ao volante, esse processo pode se tornar um grande desafio. Em muitos casos, o que mais dificulta não é a prática em si, mas os “mitos”, as distorções que rodeiam o ato de dirigir e que acabam reforçando inseguranças e crenças disfuncionais. Neste blog, vamos desmistificar algumas dessas crenças e mostrar como elas podem impactar a ansiedade, além de trazer uma visão mais realista e acolhedora sobre o processo de aprendizagem.
- 1. “Quem não aprende rápido é porque não nasceu para dirigir”
Esse é um dos maiores mitos e também um dos mais prejudiciais. A verdade é que dirigir é uma habilidade aprendida, não um talento nato. Assim como cozinhar, pedalar ou aprender um novo idioma, cada pessoa tem seu próprio ritmo. Quem lida com ansiedade pode precisar de acompanhamento mais específico, mais prática ou de pausas estratégicas. Nada disso significa incapacidade, apenas um processo diferente para encontrar o “seu modo de dirigir”.
- 2. “Se você tem medo agora, vai ter medo para sempre”
Muitas pessoas acreditam que a ansiedade durante a aprendizagem é um sinal de que dirigir “não é para elas”. A verdade é que o medo não é permanente. Com técnicas de respiração, psicoeducação e treino gradual da terapia cognitivo-comportamental, é totalmente possível reduzir as sensações fisiológicas e desenvolver confiança. O cérebro aprende novas respostas emocionais com a prática correta.
- 3. “Dirigir é perigoso demais para quem é ansioso”
Esse mito faz com que muitas pessoas evitem qualquer contato com o volante. A verdade é que a ansiedade não significa incapacidade. Pelo contrário, pessoas ansiosas costumam ser mais prudentes e atentas. Com treino adequado, acompanhamento e estratégias cognitivas, podem se tornar motoristas extremamente seguras.
- 4. “Todo mundo aprende na autoescola, então você também deveria conseguir sem ajuda”
Esse mito desconsidera que cada pessoa tem um histórico emocional diferente. A verdade é que algumas pessoas realmente precisam de apoio especializado e isso é normal. A psicoterapia para medo de dirigir existe justamente porque o processo envolve muito mais do que técnica: envolve emoções, crenças, experiências passadas e percepções corporais.
- 5. “É só controlar a ansiedade e dirigir”
Parece simples, mas não é. A verdade é que dirigir exige coordenação cognitiva, emocional e física. Para quem enfrenta amaxofobia, a ansiedade ativa o corpo inteiro: respiração acelerada, tensão muscular, pensamentos catastróficos. Não é “falta de vontade”, é uma resposta fisiológica real. O tratamento ensina a regular essas reações e tornar o volante um espaço mais seguro. É extremamente importante aqui o processo de aceitação e empoderamento, trabalhado na psicoterapia.
- 6. “Quem tem medo só está sendo dramático”
Infelizmente, esse é um mito muito comum entre familiares e amigos. A verdade é que medo de dirigir é uma condição reconhecida. Minimizar o sofrimento não ajuda, pelo contrário, aumenta a culpa e a sensação de inadequação. O primeiro passo da superação é a validação emocional.
- 7. “Você precisa enfrentar tudo de uma vez”
Algumas pessoas acreditam que a única solução é dirigir logo em avenidas movimentadas ou em alta velocidade. A verdade é que a exposição sem preparo pode piorar o medo. Na terapia cognitivo-comportamental, a exposição é gradual, controlada e acompanhada. Respeitar etapas aumenta a sensação de domínio e diminui a ansiedade.
- 8. “Dirigir é coisa de homem”
Esse é um mito antigo, mas que infelizmente ainda aparece e pode aumentar muito a ansiedade em mulheres que estão aprendendo a dirigir. A verdade é que dirigir não tem gênero. É uma habilidade técnica que qualquer pessoa pode desenvolver. A crença de que “homem dirige melhor” é fruto de uma cultura que historicamente incentivou os homens a ocupar mais os espaços públicos e as mulheres a duvidarem de suas próprias capacidades. Essa ideia pode causar comparações injustas, críticas desnecessárias, autoconfiança reduzida e medo de errar na frente de outras pessoas. Quando esse mito é quebrado, abre-se espaço para que o aprendizado aconteça com liberdade, respeito e autoestima.
Diante desses mitos apresentados, pode-se concluir que desmistificar é o primeiro passo para superar! Reconhecer que esses mitos não têm base real ajuda a diminuir a autocrítica e abre espaço para um processo de aprendizagem mais leve. Com o apoio adequado, psicológico, emocional e prático, dirigir pode deixar de ser uma fonte de medo e se transformar em uma conquista possível e libertadora.