 
                Muita gente pensa que o medo de dirigir é apenas uma dificuldade prática, relacionada ao carro ou ao trânsito. Mas, na verdade, grande parte dessa fobia acontece dentro da mente, no diálogo interno cheio de pensamentos automáticos que surgem no momento em que a pessoa se imagina no volante. A boa notícia é que esse diálogo interno pode ser transformado. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a prática da atenção plena (mindfulness) oferecem ferramentas poderosas para ajudar quem sofre com amaxofobia a ressignificar sua experiência e conquistar autonomia.
O papel da TCC no diálogo interno
Quem tem medo de dirigir costuma ser invadido por pensamentos automáticos negativos como “vou bater”, “vou atrapalhar os outros”, “não consigo controlar o carro”, “se errar, vão rir de mim”.
Essas ideias surgem de forma rápida, imperceptível e geram ansiedade, aceleração cardíaca, tensão muscular, tremores e até vontade de desistir e de fugir da situação. A TCC atua justamente aqui: ajuda a identificar, questionar e reestruturar esses pensamentos. Ao invés de aceitar como verdade absoluta que “se errar uma marcha significa que não sei dirigir”, a pessoa aprende a substituir por uma visão mais realista: “errar faz parte do aprendizado, todo motorista já passou por isso”.
A contribuição da atenção plena
Enquanto a TCC questiona os pensamentos, a atenção plena ensina a conviver com eles sem se deixar dominar. Na prática, isso significa reconhecer que os pensamentos são apenas eventos mentais passageiros, como carros que passam na estrada. A pessoa não precisa embarcar em todos eles.
Por exemplo: quando surge a ideia “vou travar no meio da rua”, em vez de se desesperar, pode dizer a si mesma “estou tendo o pensamento de que vou travar”. Essa pequena mudança já abre espaço entre a pessoa e a ansiedade, reduzindo a sensação de estar aprisionada no medo.
A integração: quando a TCC encontra o mindfulness
A união dessas abordagens é muito poderosa, pois a TCC traz clareza, mostrando que muitos pensamentos não refletem a realidade. E a atenão plena ensina a não brigar com eles, apenas reconhecendo-os e deixando-os passar. Esse equilíbrio gera menos reatividade emocional e mais controle interno. A pessoa aprende a não acreditar em tudo que sua mente grita em momentos de ansiedade, mas também não precisa gastar energia tentando “calar” a mente. Imagine a cena: você está no carro e, de repente, começa a ouvir buzinas.
- O pensamento automático pode ser “é para mim, estou atrapalhando o trânsito”
- Estratégia prática da TCC: será que isso é verdade? Estou mesmo atrapalhando ou é só um momento normal do trânsito?”
- Estratégia mindfulness: perceber a ansiedade surgindo, respirar fundo, deixar a emoção passar como um carro, e continuar no seu ritmo.
Assim, o que antes seria um gatilho para desistir se torna uma oportunidade de praticar novas respostas emocionais.
Dirigir não é apenas uma habilidade mecânica. Para quem tem medo, é também uma forma de treinar a mente e o modo como lida com pensamentos e emoções. Ao integrar Terapia cognitivo-comportamental e atenção plena, a pessoa descobre que o carro pode deixar de ser um inimigo e se tornar um espaço de prática de autoconfiança, autocontrole e superação. O trânsito dentro da mente pode ser reorganizado e com paciência e prática, o caminho para a liberdade de dirigir se abre de forma mais leve e possível.